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Caetano Veloso




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Caetano Veloso Album


Personalidade (1993)
1993
1.
2.
Coisa mais linda
3.
4.
5.
6.
Chuvas de Verão
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
. . .


Não me amarra dinheiro não
Mas formosura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moça preta do curuzu
Beleza pura
Federação
Beleza pura
Boca do Rio
Beleza pura
Dinheiro não
Quando essa preta começa a tratar do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar pra botar no cabelo
Toda minúcia
Toda delícia
Não me amarra dinheiro não
Mas elegância
Não me amarra dinheiro não
Mas a cultura
Dinheiro não
A pele escura
Dinheiro não
A carne dura
Dinheiro não
Moço lindo do Badauê
Beleza pura
Do Iê Aiyê
Beleza pura
Dinheiro yeah
Beleza pura
Dinheiro não
Dentro daquele turbante do Filho de Gandhi
É o que há
Tudo é chique demais, tudo é muito elegante
Manda botar
Fina palha da costa e que tudo se trance
Todos os búzios
Todos os ócios
Não me amarra dinheiro não
Mas os mistérios

. . .

Coisa mais linda

[No lyrics]

. . .


Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco, e onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres cowboy eu sou chinês
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou o espírito, e onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo, e onde buscas o anjo eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu sou o herói
Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não queres como és

REFRÃO
Onde queres comício, flipper vídeo, e onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua eu sou o sol, onde a pura natura, o inceticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz, onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro, e onde queres coqueiro eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do que não há em mim

. . .


Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De ter ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você
E entrar numa

. . .


Eu sempre quis muito
Mesmo que parecesse ser modesto
Juro que eu não presto
Eu sou muito louco, muito
Mas na sua presença
O meu desejo
Parece pequeno
Muito é muito pouco, muito

Broto você é muito, muito
Broto você é muito, muito

Eu nunca quis pouco
Falo de quantidade e intensidade
Bomba de hidrogênio
Luxo para todos, todos
Mas eu nunca pensei
Que houvesse tanto
Coração brilhando
No peito do mundo louco
Gata você é muito
Broto você é massa, massa

. . .

Chuvas de Verão

[No lyrics]

. . .


Menina do anel de lua e estrela
Raios de sol no ceu da cidade
Brilho da lua, noite e bem tarde
Penso em voce,fico com saudade
Manha chegando,luzes morrendo
Nesse espelho que e nossa cidade
Quem e voce? Qual o seu nome?
Conta pra mim,diz como te encontro
Mas deixe ao destino,deixo ao acaso
Quem sabe eu te encontro de noite no baixo
Brilho da lua,noite e bem tarde
Penso em voce,fico com saudade

Menina do anel de lua e estrela
Raios de sol no ceu da cidade
Brilho da lua, noite e bem tarde
Penso em voce,fico com saudade
Manha chegando,luzes morrendo
Nesse espelho que e nossa cidade
Quem e voce? Qual o seu nome?
Conta pra mim,diz como te encontro
Mas deixe ao destino,deixo ao acaso
Quem sabe eu te encontro de noite no baixo
Brilho da lua,noite e bem tarde
Penso em voce,fico com saudade

. . .


Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
A cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua ha de apagar
O que essa tua ausencia me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

. . .


Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção, corpo aberto no espaço
Coração de eterno flerte
Adoro ver-te
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto pra Deus proteger-te
O Havaí seja aqui
Tudo o que sonhares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção como um beijo

. . .


Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
De mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mas possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

. . .


Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns bossais
Queria querer gritar setessentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América Católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será será que será que será que
será?
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes Índios e padres
e bichas, negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnava
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente, mas tudo é muito ma
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas
E nos gerai.
Será que apenas os Hermetismos Pascoais
E os tons e os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvaram dessas trevas
E nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais

. . .


Soy loco por ti America
Yo voy traer una mujer plajera
Que su nombre sea Marte
Que su nombre sea Marte
Sou loco por ti de amores
Tenga como colores
La espuma blanca de latinoamerica
Y el cielo como bandera
Y el cielo como bandera

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
Sorriso de uase nuvem
Os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas
Com o corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante
Desse país sem nome
Esse tango, esse rancho
Esse povo, dizei-me
Arde o fogo de conhecê-la
O fogo de conhecê-la

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo quien sabe
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva noite
Se espalhe em latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo
El nombre del hombre es pueblo

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe
Com palmeiras, com trincheiras
Canções de guerra, quem sabe
Canções do mar
Ay estate como ver
Ay estate como ver

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores
Estou aqui de passagem
Sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
No precipício de luzes
Entre saudades, sou luz
Eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos
Nos braços de uma mulher
Nos braços de uma mulher
Mais apaixonado ainda
Dentro dos braços da camponesa
Guerrilheira, manequim
Ai de mim
Nos braços de quem me queira
Nos braços de quem me queira

Soy loco por ti America
Soy loco por ti de amores

. . .


Toda essa gente se engana
Então finge que não vê que
Eu nasci pra ser o superbacana
Super-homem, superflit, superfink, superist
Superbacana
Estilhaços, sobre Copacabana
O mundo em Copacabana
Tudo em Copacabana, Copacabana
O mundo explode longe muito longe
O sol responde e o tempo esconde
E o vento espalha e as migalhas
Caem todas sobre Copacabana
Me engana esconde o super amendoim
E o espinafre biotônico
No comando do avião supersônico
Do parque eletrônico do poder atômico
Do avanço econômico
A moeda n° 1 do Tio Patinhas
Não é minha
Um batalhão de cowboys com
Arrancada da legião super-heróis
E o superbacana
Vou sonhando até explodir colorido
No sol dos cinco sentidos
Nada no bolso ou nas mãos
Um instante monstro

. . .


Lua de São Jorge
Lua deslumbrante
Azul verdejante
Cauda de pavão
Lua de São Jorge
Cheia branca inteira
Oh minha bandeira
Solta na amplidão

Lua de São Jorge
Lua brasileira
Lua do meu coração
Lua de São Jorge
Lua maravilha
Mãe irmã e filha
De todo esplendor
Brilha nos altares
Brilha nos lugares
Onde estou e vou

Lua de São Jorge
Brilha sobre os mares
Brilha sobre o meu amor
Lua de São Jorge
Lua soberana
Nobre porcelana
Sobre a seda azul
Lua de São Jorge
Lua da alegria
Claro como tu
Lua de São Jorge
Serás minha guia
No Brasil de norte a sul

. . .


Lua, lua, lua, lua
Por um momento meu canto contigo compactua
E mesmo o vento canta-se compacto no tempo
Estanca
Branca, branca, branca, branca
A minha, a nossa voz atua sendo silêncio
Meu canto não tem nada a ver
Com a lua

Lua, lua, lua, lua
Por um momento meu canto contigo compactua
E mesmo o vento canta-se compacto no tempo
Estanca
Branca, branca, branca, branca
A minha, a nossa voz atua sendo silêncio
Meu canto não tem nada a ver
Com a lua

. . .


Nosso amor não deu certo
Gargalhadas e lágrimas
De perto fomos quase nada
Tipo de amor que não pode dar certo
Na luz da manhã
E desperdiçamos os blues do Djavan

Demasiadas palavras
Fraco impulso de vida
Travada a mente na ideologia
E o corpo não agia
Como se o coração tivesse antes que optar
Entre o inseto e o inseticida

Não me queixo
Eu não soube te amar
Mas não deixo
De querer conquistar
Uma coisa qualquer em você
O que será?

Como nunca se mostra
O outro lado da lua
Eu desejo viajar
No outro lado da sua
Meu coração galinha de leão
Não quer mais amarrar frustração
No eclipse oculto na luz do verão

Mas bem que nós fomos muito felizes
Só durante o prelúdio
Gargalhadas e lágrimas
Até irmos pra o estúdio
Mas na hora da cama
Nada pintou direito
É minha cara falar
Não sou proveito
Sou pura fama
Não me queixo

Nada tem que dar certo
Nosso amor é bonito
Só não disse ao que veio
Atrasado e aflito
E paramos no meio
Sem saber os desejos
Aonde é que iam dar
E aquele projeto
Ainda estará no ar?

Não quero que você
Fique fera comigo
Quero ser seu amor
Quero ser seu amigo
Quero que tudo saia
Como som de Tim Maia
Sem grilos de mim
Sem desespero
Sem tédio sem fim

. . .


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