Music World
 
Find Artists:
 
 
 
Russian versionSwitch to Russian 
Caetano Veloso




Music World  →  Lyrics  →  C  →  Caetano Veloso  →  Albums  →  Estrangeiro

Caetano Veloso Album


Estrangeiro (1986)
1986
1.
O Estrangeiro
2.
3.
4.
5.
Jasper
6.
7.
8.
9.
10.
. . .

O Estrangeiro

[No lyrics]

. . .


Para a folha: verde
Para o céu: azul
Para a rosa: rosa
Para o mar: azul

Para a cinza: cinza
Para a areia: ouro
Para a terra: pardo
Para a terra: azul

(quais são as cores que são suas cores de predileção?)

Para a chuva: prata
Para o sol: laranja
Para o carro: negro
Para a pluma: azul

Para a nuvem: branco
Para a duna: branco
Para a espuma: branco
Para o ar: azul

(quais são as cores que são suas cores de predileção?)

Para o bicho: verde
Para o bicho: branco
Para o bicho: pardo
Para o homem: azul

Para o homem: negro
Para o homem: rosa
Para o homem: ouro
Para o anjo: azul

(quais são as cores que são suas cores de predileção?)

Para a folha: rubro
Para a rosa: palha
Para o ocaso: verde
Para o mar: cinzento

Para o fogo: azul
Para o fumo: azul
Para a pedra: azul
Para tudo: azul

. . .


Eu sou apenas um velho baiano
Um fulano, um caetano
Um mano qualquer
Vou contra a via
Canto contra a melodia
Nado contra a maré

Que é que tu vê
Que é que tu quer
Tu que é tão rainha?
Branquinha
Carioca de luz própria, luz
Só minha
Quando todos os seus rosas nus
Todinha
Carnação da canção que compus
Quem conduz
Vem, seduz

Este mulato franzino, menino
Destino de nunca ser homem, não
Este macaco complexo
Este sexo equívoco
Este mico-leão
Namorando a lua e repetindo:
A lua é minha
Branquinha
Pororoquinha, guerreiro é
Rainha
De janeiro, do Rio, do onde é
Sozinha
Mão no leme, pé no furacão
Meu irmão
Neste mundo vão
Mão no leme, pé no carnaval
Meu igual
Neste mundo mau

. . .


Eram os outros românticos, no escuro
Cultuavam outra idade média, situada no futuro
Não no passado
Sendo incapazes de acompanhar
A baba Babel de economias
As mil teorias da economia
Recitadas na televisão
Tais irredutíveis ateus
Simularam uma religião
E o espírito era o sexo de Pixote, então
Na voz de algum cantor de rock alemão
Com o ódio aos que mataram Pixote a mão
Nutriam a rebeldia e a revolução

E os trinta milhões de meninos abandonados do Brasil
Com seus peitos crescendo, seus paus crescendo
E os primeiros mênstruos
Compunham as visões dos seus vitrais
E seus apocalipses mais totais
E suas utopias radicais

Anjos sobre Berlim
"O mundo desde o fim"
E no entanto era um SIM
E foi e era e é e será sim

. . .

Jasper

[No lyrics]

. . .


Se alguém pudesse ser um siboney
Boiando à flor do sol
Se alguém, seu arquipélago, seu rei
Seu golfo e seu farol
Captasse a cor das cores da razão do sal da vida
Talvez chegasse a ler o que este amor tem como lei
Se alguém, judeu, iorubá, nissei, bundo,
Rei na diáspora
Abrisse as suas asas sobre o mundo
Sem ter nem precisar
E o mundo abrisse já, por sua vez,
Asas e pétalas
Não é bem, talvez, em flor
Que se desvela o que este amor
(Tua boca brilhando, boca de mulher,
Nem mel, nem mentira,
O que ela me fez sofrer, o que ela me deu de prazer,
O que de mim ninguém tira
Carne da palavra, carne do silêncio,
Minha paz e minha ira
Boca, tua boca, boca, tua boca, cala minha boca)
Se alguém, cantasse mais do que ninguém
Do que o silêncio e o grito
Mais íntimo e remoto, perto além
Mais feio e mais bonito
Se alguém pudesse erguer o seu Gilgal em Bethania...
Que anjo exterminador tem como guia o deste amor?
Se alguém, nalgum bolero, nalgum som
Perdesse a máscara
E achasse verdadeiro e muito bom
O que não passará
Dindinha lua brilharia mais no céu da ilha
E a luz da maravilha
E a luz do amor
Sobre este amor

. . .


Minha música vem
Da música da poesia
De um poeta João
Que não gosta de música

Minha poesia vem
Da poesia da música
De um João músico
Que não gosta de poesia

O dado de Cabral
A descoberta de Donato
O fato, o sinal
O sal, o ato, o salto:

Meu outro retrato

. . .


Estou sozinho, estou triste, etc
Quem virá com a nova brisa que penetra?
Pelas frestas do meu ninho
Quem insiste em anunciar-se no desejo
Quem tanto não vejo ainda
Vem, pessoa secreta
Vem, te chamo
Vem
Etc

. . .


Meia lua inteira
Sopapo na cara do fraco
Estrangeiro gozador
Copa de coqueiro baixo
Quando engano s'enganou
Sao Dindondao, Sao Bento
Grande Homem de movimento
Martelo de tribunal
Sumiu na mata a dentro
Foi pego sem documentos
No terreiro regional

Poeira-rarara
Poeira-rarara
Terca Feira, capoeira-rarara
Tudo pede onde der-rararara
Derradeiro-rarara
Derradeiro-rarara

Nao m'impede de cantar-rararara
Tudo pede onde der-rararara
Bimba, periba, mim que diga
Taco de arame, cabaca, barriga
Sao dindondao, Sao Bento
Grande Homem de movimento
Nunca foi um marginal
Sumiu da praca a tempo
Caminhando contra o vento
Sobre a planta capital

Poeira-rarara
Poeira-rarara
Terca Feira, capoeira-rarara
Tudo pede onde der-rararara
Derradeiro-rarara
Derradeiro-rarara

Poeira-rarara
Poeira-rarara
Terca Feira, capoeira-rarara
Tudo pede onde der-rararara
Derradeiro-rarara
Derradeiro-rarara

Hummmm mmme
Hummm me meuuu
Hummm mmme...

. . .


Como será pois se ardiam fogueiras
Com olhos de areia quem viu
Praias, paixões fevereiras
Não dizem o que junhos de fumaça e frio
Onde e quando é genipapo absoluto
Meu pai, seu tanino, seu mel
Prensa, esperança, sofrer prazeria
Promessa, poesia, Mabel

Cantar é mais do que lembrar
É mais do que ter tido aquilo então
Mais do que viver do que sonhar
É ter o coração daquilo

Tudo são trechos que escuto: vêm dela
Pois minha mãe é minha voz
Como será que isso era este som
Que hoje sim, gera sóis, dói em dós
"Aquele que considera"
A saudade de uma mera contraluz que vem
Do que deixou pra trás
Não, esse só desfaz o signo
E a "rosa também"

. . .


blog comments powered by Disqus



© 2011 Music World. All rights reserved.